"COMUNICAÇÃO DA CANDIDATURA A PRESIDÊNCIA DO MPLA"
Desde muito cedo, aprendi que a confiança do povo não nos é dada ou concedida como se de um direito herdado se tratasse, mas sim como uma manifestação que se conquista através do respeito, da humildade, do diálogo aberto e honesto, bem como de valores e princípios que garantam a confiança mútua.
Há um ano, em 2024, fui confrontado por um jornalista que me perguntou se pensava em candidatar-me à Presidência do MPLA. Na ocasião, respondi que estava a ponderar. Passado este tempo, decidi formalizar a minha candidatura à Comissão de Candidaturas, que será constituída à luz da convocação do IX Congresso Ordinário. Essa minha decisão, por respeito ao líder do MPLA e ao nosso passado comum, foi-lhe comunicada na presença de membros da Direcção do Partido.
Pretendo caminhar neste percurso que nos conduzirá ao IX Congresso Ordinário do MPLA, em 2026, tendo sempre presente o papel e o legado dos fundadores do partido, identificando-me com a entrega dos Presidentes Dr. António Agostinho Neto, incansável lutador pela independência de Angola e fundador da Nação Angolana, e do Eng. José Eduardo dos Santos, arquitecto da paz, promotor da reconstrução, da reconciliação entre os angolanos e do desenvolvimento de Angola — heróis que dedicaram as suas vidas por Angola e pelos angolanos.
É exactamente considerando essa força do passado e do presente que reconheço o trabalho que o Presidente João Lourenço está a desenvolver, com especial ênfase na construção de equipamentos sociais, visando servir e engrandecer a Nação Angolana.
Estimados Camaradas,
A minha decisão tem como objectivo tornar o MPLA mais plural, inclusivo e no fiel provedor das causas mais nobres a favor de cada angolano sem distinção, pois sempre considerei o nosso Partido uma verdadeira personificação da Causa Nacional. O seu papel está intrinsecamente ligado à história resiliente de Angola.
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Esta decisão também tem como objectivo valorizar ainda mais o militante de base do MPLA, pois a autoridade do militante não pode continuar a ser negligenciada. O militante deve ser um agente activo na eleição dos seus representantes nos órgãos intermédios e superiores do Partido.
É fundamental promover, desde a base até os níveis superiores, camaradas com experiência e dedicação comprovadas, para que os Comitês de Acção do MPLA sejam estruturas activas, críticas e dinâmicas, que estudem os problemas das comunidades onde estão inseridos, proponham soluções e de forma organizada discutam com os órgãos do poder local, para que estes resolvam as questões dos cidadãos.
Meus Camaradas,
O MPLA não pode ser um partido estático. A sua transformação, adaptação e o exercício do processo geracional devem estar presentes em todos os momentos da sua existência, enquanto elementos estratégicos que garantam a sucessão natural e a renovação na continuidade — sem que esse pressuposto se transforme numa imposição administrativa ou numa janela para promover elementos descomprometidos com o MPLA e com os mais elementares anseios do povo.
Os desafios actuais e futuros exigem que acabemos com a cultura do silêncio, da bajulação e do “sim, Chefe”, dando lugar ao ressurgimento da crítica e da autocrítica como actos de coragem política e de respeito pelo povo que o MPLA sempre jurou defender. O Estatuto, a Bandeira e o Hino do Partido estão acima de qualquer militante ou dirigente.
Desejo trazer de volta todos aqueles que, por diferentes motivos, se afastaram do convívio desta grande família política angolana — o MPLA. Pois só unidos, de Cabinda ao Cunene, poderemos resgatar a mística ganhadora que sempre caracterizou o nosso Partido, superando reveses e, em união, alcançando êxitos e satisfazendo os anseios do povo angolano.
Caros Camaradas,
Considero que para o MPLA, o bom militante deve saber conviver na diversidade, respeitando as opiniões e as escolhas, pois a concorrência é salutar para a vitalidade da nossa democracia. É necessário que o MPLA mantenha a sua condição de Partido do diálogo, como sempre foi.
O MPLA nunca deve afastar-se do diálogo construtivo, pois o país precisa que todos contribuam, através da escuta, para encontrar os melhores caminhos rumo à estabilidade e ao desenvolvimento de Angola. As vozes das comunidades religiosas e das organizações da sociedade civil devem ser sempre ouvidas na formulação das principais políticas públicas, orientadas para o bem-estar das populações.
É com esse espírito que pretendo continuar a ouvir e a trabalhar com a juventude, que sempre esteve e continua a estar no centro das minhas prioridades, o que contribuirá para dar continuidade no trabalho que o MPLA tem realizado na promoção dos jovens na assunção de altas responsabilidades no Partido e no Estado, actuando como um elemento catalisador da integração geracional.
Estimados Camaradas,
Como militar de carreira, embora actualmente na reforma, considero que o MPLA deve reforçar as acções em defesa e no bem-estar dos antigos combatentes e veteranos da pátria. Além disso, é fundamental pensar também nos milhares de soldados que, por força da guerra e de outros desafios, ainda não têm recebido a devida atenção no que diz respeito à sua segurança social.
Meus estimados Camaradas,
Espero que esta minha comunicação pública não suscite interpretações equivocadas, pois ela assenta na unidade e na coesão interna do nosso Partido. A minha decisão não se fundamenta em ambições pessoais, perseguições ou ressentimentos. A minha futura candidatura é uma convocação à unidade, ao reencontro e à fé nos princípios que nos trouxeram até aqui. Ela também não tem o objectivo de contrariar outras iniciativas políticas do género.
Eu quero somar, eu não quero dividir. Quero inspirar esperança — porque Angola precisa, mais do que nunca, de acreditar num futuro melhor.
O futuro não pode ser adiado.
A mudança não é ruptura, mas um compromisso com aquilo que somos capazes de ser.
Eu continuo aqui, ao lado do povo, pronto a servir como um verdadeiro soldado da pátria.
Concluo esta comunicação afirmando que, se vier a assumir a liderança do Partido, e nos termos do que está previsto no Estatuto, as múltiplas candidaturas, a todos os níveis, serão uma realidade permanente – incluindo a eleição do Presidente do MPLA.
Contarei com todos, sem vaidade, ressentimentos ou medo. Trabalharei com a alma de soldado, com a lucidez de patriota e com o coração aberto à reconciliação nacional.
Aguardaremos serenamente a convocação do IX Congresso Ordinário do nosso Partido, esperando que a sua realização seja uma verdadeira celebração da democracia. Que este momento nos permita sair mais unidos e coesos, para que juntos possamos trabalhar com afinco e vencer os actuais e os futuros desafios.
Viva Angola!
Viva o MPLA!
Viva a democracia interna!
Muito obrigado.